Vivemos em uma época que celebra a velocidade. Tudo precisa ser respondido imediatamente, decidido depressa, produzido sem atraso. Nesse cenário, descansar parece quase um gesto de rebeldia — um retorno silencioso ao que somos quando ninguém nos exige nada. Mas descansar não é luxo, e muito menos preguiça. É, antes de tudo, uma necessidade constitutiva da vida psíquica, emocional e corporal. E talvez seja justamente por isso que a pausa, quando acontece, nos devolve algo essencial: o acesso àquilo que fomos perdendo no meio da pressa. Costumamos pensar o descanso apenas como sono. No entanto, assim como somos seres complexos, feitos de camadas e ritmos próprios, também o descanso possui múltiplas formas. Cada uma delas toca uma dimensão da existência e restaura algo diferente em nós. Entender isso amplia nosso cuidado de si e torna a vida menos árida. O descanso da mente é o primeiro deles. Ele se anuncia nos pequenos intervalos, quase invisíveis, que quebram a mecânica do...