Jack, personagem do filme Todos os Tons do Prazer , é uma figura que nos convida a pensar sobre os limites entre o prazer, o poder e o sofrimento psíquico. Sedutor, envolvente e aparentemente seguro de si, ele organiza sua vida e seus vínculos em torno de uma busca incessante por excitação e controle. A relação que estabelece com Victoria, marcada por sedução e dominação, permite entrever não apenas um modo de se relacionar com o outro, mas também uma estrutura subjetiva que opera pela recusa da falta e pela negação do outro como sujeito de desejo. É nesse ponto que a psicanálise pode nos ajudar a escutar o que se passa por trás da superfície fascinante desse personagem. A primeira hipótese que se impõe à escuta psicanalítica é a de um funcionamento narcísico. Jack parece precisar constantemente reafirmar seu valor e seu poder, não apenas por meio de conquistas materiais, mas, sobretudo, pela maneira como exerce domínio sobre o outro. Sua relação com Victoria não se sustent...