Gratidão
pela visão e pelo contemplar das cores das belas flores, o sorriso de uma
criança, a beleza radiante do arco-íris, o pôr do sol, a lua e o céu estrelado.
Olhos que eram apenas para enxergar as belezas no céu, no mar, na terra, mas
contemplam a violência, a fome, a natureza que morre, fruto de
irresponsabilidade da humanidade (minha e de todos).
Gratidão
pelo olfato que desfruta o prazer de cheiros e aromas, o doce e suave perfume
de uma rosa que desabrocha, o cheiro daquela comida saborosa, o odor do imenso
mar. Nariz que não só inala as maravilhas de tanta beleza, mas que também o mau
cheiro de fumaças produzidas pelas indústrias, mau cheiro dos esgotos entupidos
por tanto lixo jogado nas ruas.
Gratidão
pelo tato que, mesmo com os olhos fechados, pode enxergar com o coração, ter a
sensação da leveza e delicadeza da pétala de uma flor, o aveludado kiwi, o frio
de um saboroso sorvete, o calor de um chocolate quente. Tato que com as mãos
apalpo e com os braços abraço e ainda acalento. Mãos que lamentavelmente,
derramam sangue, braços que agridem o inocente, pés que se apressam em fazer o
mal.
Gratidão
pela audição que me permite ouvir a mais bela sinfonia de pássaros cantando
acompanhados pelo som do vento passando entre as árvores; por ouvir o riso do
sertanejo quando vê a chuva molhar a chão; pelo privilégio de ouvir as melodias
do dedilhar de um violão, a harmonia da canção que fala do coração. Ouvidos que
escutam o que é mau, mas que também ouvem o choro de uma criança sedenta e
faminta pedindo um pouco de água e um pouco de pão, que escutam o grito e o
pranto de dor da mãe desconsolada que teve seu filho assassinado porque não
tinha dinheiro para pagar a droga que usou.
Gratidão
por meu paladar. Com ele posso deliciar-me no doce do mel, o meio amargo de um
chocolate, o azedinho do morango, o sabor dos temperos de uma boa refeição.
Língua que era para degustar, saborear e falar, mas que muitas vezes acaba
sendo afiada como uma navalha para matar a esperança do semelhante, ou está
sempre a condenar e envenenar quem está a sua volta.
O
que estamos fazendo com os órgãos dos sentidos? Pense nisso!
Teólogo,
Filósofo e Psicanalista
Verdade! Lindo texto.
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